ChazZ
Muitas pessoas, preocupadas em definir categoricamente um estilo ou abordagem musical que lhe pareçam diferentes ou mais “abertas”, pecam rotulando de Jazz, muitas vezes a mais autêntica música brasileira já produzida! Incomodados com a visão um pouco equivocada que isso pode causar nas pessoas em geral e cansados de fugir de algo que não pára de correr atrás da gente, conceituamos um novo “rótulo” que soe como realmente soa a música que fazemos: nem choro, nem jazz, mas ao mesmo tempo os dois juntos, combinando inúmeras outras experiências musicais e sociais no processo de construção de um tema ou um arranjo musical e principalmente passando para o público a idéia desta fusão, mas também da desconstrução sonora e de parâmetros estéticos e formais na nossa criação musical.
O processo de arranjo já é feito há dois anos em grupo, ou seja: não há aquele que escreve as partes para os outros tocarem como foi o caso de todo o nosso 1º CD “Deixa Assim”. Neste 2º CD “Noves Fora”, resolvemos mudar a concepção de trabalho, até mesmo em função da mudança nos componentes do grupo, a instrumentação e a história de cada um ser diferente. Em vista disso as idéias caminham para outros lugares, hoje muito mais abertas e experimentais do que há dois anos atrás. Seguindo esse laboratório, após a experiência de compormos uma música Olinda/PE este ano durante uma temporada de shows na época do carnaval – música esta que entrou pro disco (a faixa número 3 chamada Tumaracá) – passamos a desenvolver os temas e idéias em conjunto nos ensaios abrindo uma porta para a liberdade de, por exemplo, tocar num momento um tema e num segundo momento, logo em seguida, tocá-lo caminhando para outro lado conforme as idéias forem surgindo no decorrer da performance podendo resultar, com o mesmo tema, uma nova música!
Além do mais o importante disso tudo não é manter, muito menos quebrar padrões estéticos ou formais, mas sim nos divertirmos enquanto ensaiamos e tocamos nos shows, pois acredito que somos muito egoístas e assim é muito melhor pra nós e pra nossa arte. Fazemos música para nós mesmos! O público participa se aproveitando desse nosso egoísmo, saboreando tudo que nossa liberdade pode dar-lhes de novo ou surpreendente em suas experiências e vivências com a musica, simplesmente por não pensarmos em fazer música para nosso público e sim público para nossa música.
Rafael Ferrari – Bandolim 10 cordas
Tuesday, November 28, 2006
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